Dependência

Apetece-me escrever, uma daquelas vontades súbitas que nos atingem. Esta tem várias razões, entre as explicáveis destaca a minha falta de coisas para fazer e a enorme vontade de fazer coisas, assim como a falta de sono, além duma das principais noticias de hoje.
Apareceu hoje nos telejornais um vídeo de um miúdo numa aula que mostra como uma colega discute, grita e puxa a sua professora de francês porque esta lhe tirou o telemóvel. A pita de 15 anos está a lutar pelo telemóvel com uma senhora de 60, que é sua professora. Deixo aqui essa preciosidade cinematográfica.



Eu não quero parecer moralista, velho nem nada disso mas esta situação tem 3 coisas que mexem comigo.
1. Como é que ela tem a lata de, sem razão, falar assim com a professora ("dá-me o telemóvel já!!!"), alguém com a idade da avó dela e a quem ela deve um mínimo de respeito (embora deva haver um respeito mutuo, um professor também não pode desrespeitar um aluno). Como é que ela lhe grita, empurra, insulta, ameaça... Mas pronto isso nem o que mais me interessa.
2. Esta cena é perfeitamente normal. Eu já assisti a isto, e a pior,e várias vezes e isto é uma coisa bastante generalizada.
3.Como é que podemos ser tão desesperados e viciados no telemóvel. Que deprimente. Como é que há gente que não pode estar duas horas ou dois dias ou o que for preciso sem telemóvel. Passam o dia a mandar mensagens idiotas, não falam cara a cara com ninguém e não sabem estar sózinhas/os. Estão constantemente dependentes da opinião dos outros e usam-se do aparelho para alimentar boatos e a sua enorme falta de capacidade de socialização. Podia estar aqui dias a falar sobre como os dependentes dos telemóveis são também deprimentes e cheios de problemas psicológicos. O facto é que simplesmente gastam o seu dinheiro e viciam-se em equipamentos electrónicos sendo completamente controlados pelo sistema e as modas, as promoções e o que os faz gastar dinheiro nas marcas. Isso é que interessa. Se uma miúda bate num professor, não tem importância, não dá dinheiro.

Acabo com uma pergunta: Em que é que nos tornámos?